sábado, 24 de novembro de 2012

De oportuno a importuno


O que entregar? Se jamais se entregará? O que dizer? Se nunca dirá? Dizeres formais apenas perdidos...

Esse ponto sem retorno – que se busca atualmente – é o alicerce para contestações antagônicas, as quais a contemporaneidade necessita. Dizeres incognitivos que apenas realçam a incerteza que paira sobre corações nus de instabilidade consensual. Aceitar o inaceitável, que é o que sempre leva as idealizações sem ideais – opacas; onde persistem visões em paralaxe – causas perdidas; solitárias nas orações vis ao destino líquido e, assim, improibitório ao ser.
Consequentemente, esse “ponto sem retorno” delineia seu início, “o nada”. Caminha ao nada e retorna ao nada. Aos sentidos de quem compreende os signos dessa ideia, tudo pode soar compreensivelmente como uma gênese de nada. Ao passo que, de qualquer maneira, olha-se ao nada e não vemos nada, do oportuno ao importuno. Vincula-se somente o vácuo à questão sagaz.
Dessa forma, no presente, entender a natureza humana, torna-se simplesmente inteligível. É necessária apenas a imersão despretensiosa na sociedade vigente. Pensando-se (.oO), não há dificuldade na compreensão dialética da psique social. E, assim, a perplexidade se perde na estrutura pueril do significante. A magia se torna a incerteza do agir. O princípio da insensatez pós-moderna humana, que é o que nos difere não somente em particularidades bioquímicas, sociais, psicológicas etc., se encontra no cerne das neuroses coletivas. Os sintomas caminham entre nós.  
Se o princípio dessas nossas moléstias é verificado na figuração de palavras soltas, que particularmente estão presas, mas, exteriorizam-se como calotas polares pelo aquecimento global, encontraremos os transtornos basilares e, nessa base, o fundo desse profundo labirinto se resumirá a uma ideia central, a saber:

O gozar é o passo que guia o egoísmo, a qual estamos condenados, invariavelmente. Será realmente que somos resumidos à "reprodução e alimentação"? A liberdade, inexoravelmente, é apenas a ilusão criada para esconder essa síntese e, nessa síntese, encontra-se Lacan: "Amar é dar o que não se tem a alguém que não o quer."


RODRIGUES, R. M. (2012)